quarta-feira, 14 de maio de 2008

Fora dos Muros de Thay

O desejo de todo Thayano é ser iniciado nas artes arcanas, debruçar-se sobre os livros, desvendar os segredos das magias e dos feitiços, para então, ter o seu conhecimento notado pelos Zulkyres e ser contemplado com o título de Mago Vermelho. A casta arcana que domina Thay e mais temida e respeitada em toda Faerûm.

Mas tal prestígio tem um preço.

Em troca de se aprofundarem nos mistérios das escolas arcanas, os Magos de Thay negligenciam o treino e aperfeiçoamento das artes de combate, e seu imenso poder é um atrativo natural da inveja e da ira de outros grupos menores. Os Magos Vermelhos são pouco eficientes em defender-se. Esse é o papel do Cavaleiro de Thay. Dizem que os Magos Vermelhos são praticamente invencíveis, se isto é verdade, o é porque juntam a dedicação infinita dos arcanos com a eficiência e técnica impecável da nossa milícia.

Minha narração começa antes mesmo da minha ascençao a Cavaleiro e bem longe das torres do reino vermelho. Eu era nada mais que um soldado, já havia feito a minha escolha, seria um Cavaleiro de Thay, restava impor esse desejo aos meus superiores e me provar digno deste título. Havia sido enviado para leste, além do grande deserto, numa imensa cidade chamada Waterdeep. Minha missão era acompanhar e proteger o aspirante a Mago Vermelho Klaus Larousse.

Na verdade tanto ele como eu aspirávamos a algo e, como é de costume na sociedade Thayana, os Zulkyres confiavam na competição entre os novatos para selecionar os melhores dentre os melhores, de forma que, somente pelo fato de perseguimos destinos diametralmente opostos, que nos era possível conviver pacificamente. Além disso, Klaus e eu já eramos conhecidos antes de sermos enviados em missão juntos.

Faço aqui um breve comentário que ficará claro no decorrer desta narração. Já naquela época, Klaus Larousse fazia parte de uma casta superior à minha, no entanto, não me lembro de vê-lo usar gratuitamente essa posição privilegiada e sempre ouviu com interesse respeitoso meus raros comentários e sugestões. Na verdade, tratava-me com relativa igualdade, fato que só fui entender completamente anos mais tarde.

Quanto a mim, a competição pouco preocupava, estava familiarizado com o combate e a disputa desde muito jovem e poucos sabem como é brutal e violento o treinamento dispensados aos soldados. Especialmente àqueles que serão destinados a tarefas como a minha. O que realmente me preocupava era Klaus Larousse. Não era preciso muito tempo de convivência com ele para ter uma amostra do seu caráter. Ele era muito ambicioso, mesmo para os padrões Thayanos, e parecia disposto à qualquer sacrifício para atingir seus objetivos. Também era extremamente talentoso nas artes arcanas e tinha uma mente engenhosa e sem escrúpulos. É claro que essa mistura não ia nos levar a nenhum paraíso, muito menos a dias tranqüilos.

Klaus Larousse desejava muito mais do que podia obter sozinho, cabia a mim ser sua sombra e garantir seus êxitos.

Um comentário:

Kero disse...

"Klaus Larousse desejava muito mais do que podia obter sozinho, cabia a mim ser sua sombra e garantir seus êxitos"

E assim será, meu caro Fério. Assim será.