Omiti uma breve passagem da minha história, mas não se preocupe leitor, não pretendo lhe esconder nada. Essa omissão foi de algo aparentemente banal, mas que tem grande significado se analisado devidamente.
Já estávamos instruídos sobre os lugares que deveríamos atacar e andávamos juntos embora chamar o que tínhamos de grupo era impróprio, de companheiros, seria infantil. Eu só pude aprender o verdadeiro significado dessas palavras quando vi a morte pela primeira vez nos olhos. Quando tudo o que se tem é uma espada nas mãos e alguns homens que desejam sobreviver tanto quanto você.
As arenas são lugares difíceis de se esquecer.
Sem mais delongas, andávamos pelo porto. Um lugar deprimente e corrompido, abandonado à própria sorte e berço de baderneiros e criminosos. Foi justamente um par dessas escórias urbanas que nos abordou. Embreagados, o primeiro se aproximou e eu imediatamente pensei que o infeliz atentaria contra as nossas posses. Mas a idéia que ele tinha era ainda mais estúpida.
Se colocou no meu caminho e me ofendeu, depois disso, me desafiou. Como o leitor já deve ter percebido, eu não sou um juiz. Não suo apto a decidir quem é bom ou mau, meu dever é neutralizar qualquer um que ofereça qualquer risco à Klaus Larousse. E nesse esforço me é permitido levar o combate até as derradeiras conseqüências. Logo, se não tenho reservas em matar mulheres, crianças, autoridades, idosos, plebeus e enfermos. Imagine com que facilidade me lançaria sobre um par de vagabundos inúteis.
No entanto não estava disposto a fazê-lo. Não antes da provocação. Após a afronta dei-lhes o descanso eterno. E é aqui que este evento adquire importância ímpar.
Não escondo o que sou. Ser combatente é minha natureza e combater é um prazer. No entanto um combate só é interessante se houver um desafio, e matar bêbados deixou de ser um desafio pra mim faz muito tempo. Além disso, dificilmente eles seriam ameaça para o mago sob meus cuidados. Então, o leitor desatento pode perguntar: se não queria e não devia, por que o fez?
A explicação é simples, não queria, não devia, mas tinha. Ser soldado, depende de sua afinidade com a espada, ser Cavaleiro de Thay, depende de um domínio excepcional do combate, mas mais do que isso, depende de ter a confiança incondicional do Mago Vermelho a quem se serve. Eu tinha sido desafiado e, não importa quantas lutas eu vencesse depois daquele dia, se eu não reagisse imediatamente, sempre haveria a dúvida. Nenhum Cavaleiro de Thay pode permitir dúvida a respeito de sua proeficiência, isso siginifica que se o combate vier até vc, sua obrigação é aceitá-lo e vencê-lo.
O decepcionante é que bons desafios são cada vez mais difíceis de se encontrar.
terça-feira, 20 de maio de 2008
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